Publicado em : 15/12/2017 - Atualizado em: 15/12/2017 14:05:58
UFBA comemora 50 anos da instituição de seus cursos de pós-graduação
A aprovação do regimento para o funcionamento dos primeiros cursos de mestrado da UFBA aconteceu na sessão do Conselho Universitário, realizada no dia 23 de novembro de 1967 e presidida pelo reitor, professor Roberto Santos.
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(Imagem da Portaria nº 384 de 14 de dezembro de 1967, que designou coordenadores dos primeiros mestrados da UFBA)
Há 50 anos, nascia oficialmente a pós-graduação na Universidade Federal da Bahia. A aprovação do regimento para o funcionamento dos primeiros cursos de mestrado da UFBA aconteceu na sessão do Conselho Universitário, realizada no dia 23 de novembro de 1967 e presidida pelo reitor, professor Roberto Santos. De acordo com uma pesquisa realizada pelos professores Dora Leal Rosa e Robert Verhine, “a pós-graduação na UFBA nasceu com a missão de ampliar a qualificação dos docentes que já ministravam aulas nos cursos de graduação da Universidade e os cursos de mestrado deveriam oferecer disciplinas que cobrissem as cinco grandes áreas do conhecimento”.
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Apesar da Portaria nº 384 de 14 de dezembro de 1967, baixada pelo reitor em exercício, Hernani Sávio Sobral, designar professores da casa para coordenar seis cursos de pós-graduação – Arlete Lima para Matemática; Alexandre Costa para Biologia; Antônio Machado Neto para Ciências Humanas; Raphael Selling para Química; Juarez Paraíso para Desenho e José Walter Vidal para Física – apenas dois cursos começaram, efetivamente, a partir do ano seguinte. “Dos cursos relacionados na portaria da Reitoria, somente Química e Ciências Humanas iniciaram as aulas, a partir do mês de maio de 1968. Infelizmente, naquela ocasião, os mestrados nas áreas de Desenho e Física não foram implantados e ainda não temos informações precisas sobre o mestrado em Biologia. O curso de pós-graduação em matemática só se efetivou em 1969”, garantiram os professores Dora e Verhine.
Embora a área III (Humanas) tivesse sido a pioneira a lançar edital de seleção para a pós-graduação para o mestrado em Ciências Humanas, não foi a que evoluiu mais rapidamente, de acordo com o relatório do ano de 1974, sobre a demanda do ensino de pós-graduação na UFBA - cadastro de pós-graduação da Assessoria de Planejamento. O documento registra que em 1969, a expansão da pós-graduação se deu na área I (Exatas) com o funcionamento de quatro programas – Geofísica, Geociências, Química e Matemática – indicando a “política acertada da UFBA em desenvolver o conhecimento nos domínios das ciências exatas e da tecnologia, pois era o setor do conhecimento humano que mais requisitava especialistas pesquisadores, na sociedade daquele momento”.
De acordos com os dados estatísticos reunidos, naquele ano havia 88 estudantes matriculados em cursos de pós-graduação stricto sensu, que estavam sob regulação da Câmara de Pós-Graduação da Universidade, regidos por normas e requisitos do Conselho Federal de Educação. Entretanto, o professor Verhine destacou que anterior à resolução de 1967, a UFBA já tinha experiência com pós-graduação, mediante iniciativas isoladas, oferecidas por algumas unidades de ensino como cursos de doutoramento nas faculdades de Medicina e Direito e uma pós-graduação em Geofísica, impulsionada para as pesquisas na exploração de petróleo pela Petrobrás. “Mas ainda não temos conhecimento de como aconteciam essas atividades e os critérios de avaliação para obtenção dos títulos”, disse o pesquisador, citando a ausência de documentos comprobatórios e enfatizando a necessidade de recorrer às "lembranças da memória de alguns egressos daqueles cursos, pois já se passaram mais de 50 anos", ponderou o professor.
Uma pesquisa norteada pela curiosidade
A professora aposentada e ex-reitora da UFBA, Dora Leal Rosa, conta que sua curiosidade foi despertada para saber mais sobre a história da pós-graduação na UFBA após receber uma demanda da Fundação Perseu Abramo, para verificar quem compôs a comissão que analisou a dissertação defendida pelo professor, no mestrado em Ciências Humanas, no começo dos anos de 1970. Dora lembrou que buscou informações na Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas (FFCH), na antiga Secretaria Geral de Cursos (SGC) mas não achou documentos. Então, dirigiu-se à Faculdade de Direito, onde está o arquivo do professor Machado Neto e contou com a ajuda da arquivista Solenar Nascimento. Apesar de não ter achado o documento específico sobre o professor Abramo, encontrou diversos relatórios e documentos interessantes, referentes aos anos de 1968, 69 e 70 sobre o mestrado em Ciências Humanas.
Compreendendo a relevância do achado para a história da Universidade, a professora aposentada da FACED buscou o professor Robert Verhine como parceiro para empreender a investigação, já que por muitos anos, tinha dividido com ele, a ministração da disciplina metodologia de pesquisa, no programa de pós-graduação da FACED/UFBA. Norteados pelo escopo limitado de conhecer os primórdios da pós-graduação na UFBA para apenas publicar um artigo, eles iniciaram a pesquisa no último mês de maio e pouco tempo depois, o coordenador da pós-graduação, professor Ronaldo Oliveira, solicitou que ampliassem a investigação a fim de levantar material para a comemoração das cinco décadas da pós na instituição.
“Como um material puxa o outro, fomos fazendo várias descobertas interessantes”, contou a educadora, acrescentado que até é possível “reconstruir algumas histórias dos bastidores da academia e assim, saber mais como se deu o processo de elaboração das normas e construção dos ritos e procedimentos que vigoram até hoje, na pós-graduação. Para o reitor João Carlos Salles, a “recuperação da nossa memória é de grande importância para a organização da instituição” de tal modo que ele mesmo, incentivou a produção e publicação pela Editora da UFBA de um volume ilustrado, reunindo o conteúdo obtido com a realização da pesquisa, para ser lançado no mês de maio de 2018 – momento em que completam os 50 anos do início das aulas dos cursos de pós-graduação, implantados na UFBA.
Os dois professores pesquisadores também reconhecem a necessidade de resgatar a história, apesar de saberem que “há lacunas e falhas, devido à ausência de muitas atas e documentos e por isso, será um trabalho difícil mas que contribuirá muito para planejar o futuro”, reconheceu Verhine, que foi pró-reitor de ensino de pós-graduação no reitorado da professora Dora. Para ampliar o material da investigação, eles contam com a colaboração e solicitude dos profissionais que atuam nos vários arquivos da UFBA e também de entrevistas que já foram realizadas com uma dezena de egressos desses mestrados e que também serão feitas como outros professores eméritos da instituição.
Enquanto Dora mostra-se deslumbrada com as descobertas obtidas a partir das inspeções pessoais aos arquivos, “usando máscaras e lupa”, o professor Verhine declara que é “o momento é maravilhoso para a Universidade, pois há um esforço na busca para conhecer a trajetória de seu corpo docente”. Por outro lado, começa a expectativa de vários segmentos para ler sobre a história das cinco décadas da pós-graduação na UFBA, que estará acessível a todos em livro que será lançado no ano que vem.